Os primeiros movimentos de revitalização da região central do Rio neste século começaram a surgir no já distante 2009. O foco estava na então esquecida área portuária da cidade. Desde então, muita coisa mudou. Entre as transformações tumultuadas, como o colapso do Elevado da Perimetral, e outras transformações mais sutis, como a chegada lenta, gradual e desejável de novos moradores para ocupar os empreendimentos imobiliários que surgiram na área, os ventos de renovação espalharam-se por toda a zona envolvente, criando um ambiente propício a projectos e investimentos numa área muito mais vasta, que pode ser considerada o “centro alargado” da cidade. Quase 16 anos depois, o que vemos é que o porto foi o ponto de partida.
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Dentro do conceito que amplia os limites do centro, além dele mesmo, os três bairros da zona portuária – Saúde, Gamboa e Santo Cristo –, Cidade Nova, Catumbi, Estácio, Lapa e até partes da Praça da Bandeira e São Cristóvão ajustar. . São muitas iniciativas. Além de dezenas de projetos de incorporação imobiliária em andamento, há apoio às profissões culturais e até cervejeiras, além da recuperação de prédios históricos como a Estação Leopoldina e o Edifício A Noite. Entre os prédios no horizonte estão o Estádio do Flamengo, o Edifício Samba Rosa Magalhães, a nova sede do Consulado dos Estados Unidos e o novo campus do Instituto Nacional do Câncer. E há também uma demolição: a demolição do Viaduto Trinta e Um de Março, que promete transformar a paisagem do Catumbi. Todas estas são intervenções em curso, ou espera-se que ganhem impulso em 2025.
– Sempre tive o conceito de supercentro. É uma zona muito maior que o perímetro do centro histórico e é uma zona muito bem organizada, sobretudo em termos de mobilidade e acessibilidades, e é uma zona muito importante não só para a cidade, mas relevante para todo o conjunto metropolitano. área, e foi abandonada ao longo dos anos devido a uma série de fatores que agora estão sendo revertidos. O Rio está na vanguarda da reabilitação das áreas centrais do Brasil com o compromisso de mudar a lógica de desenvolvimento urbano da cidade – afirma o arquiteto e urbanista Washington Fajardo.
O consenso entre os observadores é que tal mudança não ocorrerá exceto através da ocupação (ou reocupação) da região. E isso aconteceu. No âmbito do programa Reviver Centro, entre julho de 2021 e dezembro de 2024, foram concedidas 42 licenças, das quais 33 foram para retrofitting (conversão de uso) e nove para edifícios novos. No total, são 4.115 unidades, sendo 4.062 residenciais e 53 não residenciais. Na região de Porto Maravilla, os números mais recentes são de 9.938 unidades habitacionais. O número de residentes locais aumentou de cerca de três mil no início dos projetos para quase 30 mil hoje.
A tendência é aumentar a conta. Só este ano, a Constratura Curie, uma das empresas que mais tem investido nesta zona da cidade, prevê inaugurar três novas unidades residenciais: Rio Energy, com 793 apartamentos, em maio, e Pátio Nazareth, com 814 apartamentos. , em dezembro. Ambos na zona portuária. No coração da Avenida Presidente Vargas, próximo à Central, o 1140 Vargas, com 360 unidades, tem inauguração prevista para outubro. Até o final do ano, a Emccamp, outra construtora com investimentos na área, entregará a primeira fase do Puerto Carioca, empreendimento com total de 1.472 apartamentos.
Há entregas por um lado e novos lançamentos por outro. Esta semana, em evento na Cidade do Samba, a Construtura Curie anunciou o conjunto residencial Tia Siata, batizado em homenagem a Hilaria Batista de Almeida (1854-1924), a histórica Mãe do Samba e Mãe dos Santos da mais alta ordem. O projeto prevê 472 apartamentos e dois espaços comerciais num terreno de 2.500 metros quadrados na Avenida Cidade de Lima, em Santo Cristo.
Anteontem foi publicada no Diário da República a aprovação, pelo prefeito Eduardo Paes, da lei que garante a isenção do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) aos primeiros compradores de unidades novas construídas ou convertidas na zona do Porto. Este é um impulso extra bem-vindo para quem está em dúvida.
— Essa medida é ótima, claro, mas o que sentimos é que o centro já se tornou uma área desejável para os cariocas. A localização é ótima, a estrutura de mobilidade é excepcional e cria-se uma estrutura de bairro diferente de tudo na cidade, com entretenimento e serviços. O ideal é o chamado centro ampliado ou ampliado, onde as áreas se complementam, tornando tudo mais atrativo para quem vai morar lá – acredita Leonardo Mesquita, Diretor e Vice-Presidente Comercial da Cury.
O Reviver Cultura foi anunciado como um atrativo para os atuais e futuros moradores do centro ampliado – e para quem chegar – e conta com orçamento de R$ 35 milhões para incentivar a abertura de 43 novos espaços culturais na região. Entre eles, 27 já estão em operação e prevê-se que mais 16 entrem em operação a partir deste ano. No seu lançamento, o programa contava com mais de 150 projetos inscritos.
Outra iniciativa que tem dado o que falar é o Reviver Rua da Cerveja, que visa transformar a histórica e praticamente deserta Rua da Carioca em um polo de cervejarias artesanais. O programa atraiu 17 projetos e espera-se que nove empresas do setor se instalem no local, com investimentos que podem chegar a R$ 8,1 milhões. Paralelamente será implementado um projeto que promete trazer uma nova loja para a antiga rua.
— A nossa visão é fortalecer e integrar este centro ampliado, que inclui o Porto, o Centro Histórico, a Lapa e outras zonas. O sucesso dessas iniciativas também vem dessa integração. A expansão imobiliária, já em andamento, tende a se consolidar e expandir em 2025, e paralelamente, outras iniciativas estão em andamento para dar mais consistência ao projeto final, que é a transformação do centro, que já possui a maior densidade de empregos em a cidade, um local totalmente remodelado, com destaque também para entretenimento e habitação – afirma Osmar Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do município.
Osmar Lima, responsável pela implementação da maior parte dos projetos que a Câmara Municipal pretende para a região, acredita que 2025 será um ano chave para a organização de grandes intervenções. É o caso do ambicioso projeto de redesenho de todo o entorno do Sambódromo, que inclui a demolição de dois quilômetros da ponte Trenta em Di Marco, conforme previu O GLOBO em dezembro.
– Haverá um ano para realizar estudos com vigor. É um projeto muito importante, que tem várias frentes e vai mudar muito toda aquela região da cidade – afirma Osmar Lima.
Outro projeto que promete mudar o cenário é a reforma da Estação Leopoldina, que comemorará seu centenário no próximo ano. Lá serão investidos R$ 80 milhões. Além da recuperação do prédio histórico, o amplo terreno que circunda a estação abrigará a Fábrica do Samba Rosa Magalhäes. O prédio conterá 14 galpões para abrigar as escolas de samba da série Ouro. A prefeitura ainda negocia com o governo federal a mudança de outra área da antiga estação, esta para construção de novos prédios residenciais. População, esse é o objetivo. Num futuro distante, uma linha do VLT chegará ao local.
Ali perto, na Cidade Nova, próximo à Prefeitura, as obras da nova sede do Consulado dos Estados Unidos deverão ganhar força este ano, embora o prédio, com projeto inspirado no Pão de Açúcar, esteja previsto para ser inaugurado no início de 2027. o antigo edifício da representação diplomática dos EUA no castelo será vendido.
Logo ao lado, no Centro de Convenções, em Ciudad Nova, a Universidade Nova Iguaçu (Unig) inaugura campus em fevereiro. O espaço terá nove cursos híbridos garantindo um atendimento flutuante de cerca de 600 alunos.