Embora tratadas como um brinquedo inofensivo, as pistolas de gel, que se tornaram populares este ano no Rio, podem causar lesões graves, principalmente na visão. A Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e o Instituto Nacional de Normalização, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) alertam que as bolas podem causar lesões irreversíveis.
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Essas armas não são classificadas como brinquedos e por isso, segundo o site do Inmetro, não devem ser utilizadas por menores de 14 anos. Além disso, quando liberadas, as esferas de gel podem penetrar no globo ocular, causar descolamento de retina e até levar à perda total da visão, alerta a SBO: “Além disso, outros efeitos incluem hematomas, inflamação e cortes profundos”.
É fácil encontrar vídeos de brigas de gelatina nas ruas do Rio nas redes sociais. As fotos circularam amplamente ao longo do ano. Na verdade, um anúncio de venda destes lançadores afirma que estas armas tiram as crianças de casa e as levam “para brincar nas ruas”.
O marketing é feito com base em uma lacuna na legislação. De acordo com a Lei nº 9.437, de 1997, que instituiu o Sistema Nacional de Armas (SINARM), é proibida a venda de armas falsificadas que possam parecer armas de fogo reais. É por isso que as armas do Adsense devem ter a ponta do cano laranja.
Como ainda não há certeza se as armas de gel podem ser consideradas exercícios de treinamento ou não, a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Vereadores do Rio discutirão a proibição da venda desses dispositivos no início do próximo ano.
Na semana passada, o policial criminal Henry dos Santos Oliveira, 51, foi morto em Santa Cruz, Zona Oeste, após presenciar um assalto a um armazém de bebidas. Ele até apontou a arma para os criminosos, mas a guardou quando pensou que eles estavam usando uma pistola de gel. Mais tarde, quatro agressores atiraram nele e ele morreu instantaneamente.
Após o assassinato, policiais civis e militares confiscaram milhares de armas de gel no Rio. Na véspera de Natal, os agentes recolheram itens que haviam sido vendidos no Centro do Rio. No dia anterior, a Operação Entrega Segura foi realizada em Madureira, na Região Norte, pela Polícia Civil, que também proibiu a venda de armas de gel e levou nove pessoas à delegacia para prestar depoimentos sobre a compra e venda dos itens.
As duas apreensões tiveram como base a Lei nº 9.437. A Polícia Civil afirmou em nota que as brocas apreendidas em Madureira “eram destinadas à comercialização ilegal” e que continua a investigação para identificar outros envolvidos no crime.
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Na ação da PM, equipes do 5º BPM (Praça da Harmonia) avistaram um vendedor ambulante vendendo armas de brinquedo na Rua dos Andradas, no Centro. Eles o abordaram e verificaram que o material não possuía nota fiscal, que pudesse identificá-lo como. um produto contrabandeado ou encaminhado incorretamente. Após ser levado à delegacia, ele foi liberado, mas as armas foram mantidas.
A legislação ainda está a ser implementada e a venda ilegal de menores
Na semana passada, a Polícia Civil já esclareceu que o uso recreativo de armas de gel não é crime, mas qualquer dispositivo semelhante a uma arma de fogo, que não possua ponta laranja ou vermelha, capaz de distingui-la de uma arma real, poderá ser apreendido como treinamento.
O exército também explicou em comunicado que os lançadores de gel “funcionam com baterias e não devem ser confundidos com armas de pressão, como o airsoft; “Não representa uma força destrutiva, pois as bolas de gel de 8 mm são lançadas a distâncias de 5 a 10 metros e, ao atingirem o alvo, derretem sem causar danos.”
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Segundo o criminoso Fábio Manuel, os projetos de lei fazem sentido no contexto da cidade por vários motivos, um deles é o aumento da insegurança e o uso de armas por facções criminosas.
— No contexto de violência no Rio, onde já existe uma grande circulação de armas de fogo, a confusão entre essas armas de mercado e as armas reais cria maior insegurança e um maior problema de segurança pública. Portanto, numa primeira avaliação, faz sentido restringir ou mesmo proibir a circulação dessas armas – disse o criminologista.
Segundo ele, o entendimento na Justiça é que se uma arma não tem “potencial de causar dano” – ou seja, pode causar dano ou lesão a alguém – ela não pode ser descrita como arma de fogo, ou seja, uma arma real. No entanto, ele alerta para a insegurança que o comércio de armas de gel traz.
— Imagine que alguém está agredindo outra pessoa com uma pistola de gel. Nesse caso, não pode ser considerado roubo, pois a arma não pode sofrer danos. Mas a questão em discussão não é só essa, mas sim a circulação deste tipo de arma que aumenta a insegurança. Então, na verdade, não importa se a arma tem potencial nocivo ou não, porque a população já está com medo, proibida e já tem medo. A pessoa não vai pensar neste momento se esta arma tem potencial nocivo ou não – concluiu Fábio Manuel.
Essas réplicas são vendidas como “brinquedo do momento” desde o início de dezembro, e já foram proibidas nas cidades de Olinda e Paulista, em Pernambuco.
O sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV) do Oerge, concorda que a onda de réplicas de brinquedos pode colocar as pessoas em risco, caso sejam confundidas com armas reais, por exemplo.
– No Rio, a polícia já matou pessoas carregando itens como brocas e outros itens que confundiram com armas de fogo. Em algumas áreas isso é muito perigoso, principalmente à noite – afirma o professor, antes de acrescentar: – O segundo efeito é contribuir para a expansão da cultura das armas e reduzir a importância do uso de objetos que simulem armas de fogo entre crianças e adolescentes.
No Rio, vídeos de brigas de gelatina nas ruas se espalharam amplamente nas redes sociais. Em fiscalização realizada no dia 12 deste mês, dois policiais militares abordaram jovens na cidade de Volta Redonda, zona sul do Fluminense, que usavam armas de gel enquanto “jogavam saque”. Eles receberam uma reprimenda. “Eu sei que é um jogo, mas qualquer um pode se machucar por causa disso. Se o policial ou criminoso não perceber que é um jogo, a situação pode acabar mal”, disse um cliente.

Febre de batalha com armas de gel
Na mesma semana, jovens portando artefatos explosivos atravessaram as ruas da Avenida Brasil, correndo entre os carros. Em outro vídeo, da semana passada, um grupo que transportava réplicas de um caminhão da Comlurb foi apreendido para uso em uma “batalha” em Senador Camara, na Região Oeste. Nestes dois casos, o primeiro-ministro afirmou, em comunicado, que “não houve ativação dos dois incidentes”, e alertou para “os perigos de transportar este tipo de brinquedos na via pública”. Ele acrescentou: “Se for identificado treinamento com armas de fogo, os envolvidos poderão ser levados à delegacia”.
Este texto foi traduzido para o espanhol pelo Projeto Irineu, uma iniciativa do O GLOBO para desenvolver ferramentas de inteligência artificial. Aqui está Link para o relatório original.