Esse aumento dos riscos no Brasil se deve a esse ambiente nervoso e pessimista que atingiu o mercado financeiro nos últimos meses, que afetou também o dólar. Porém, algumas das análises feitas pelo mercado não aceitam os números, como expliquei anteriormente aqui no blog. É verdade que a dívida do Brasil é elevada e crescente, mas o défice este ano será menor do que o esperado.
Estudo do economista Bráulio Borges, do FGV Ibre, mostra que as projeções de receitas futuras não levam em conta alguns fatores positivos como o fim das isenções fiscais decorrente da chamada “tese do século”, em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o ICMS não fazia parte da conta PIS/Cofins, o que dava muitos créditos às empresas, o que praticamente significava que elas não pagavam impostos. Segundo Borges, com a nova interpretação jurídica esses recursos estão se esgotando. Durante muito tempo as compensações tributárias permaneceram estáveis, e em 2019 subiram bastante, e estima-se que a tendência agora é esgotá-las devido ao volume que já foi fornecido e utilizado.
De qualquer forma, o Brasil sofre de um problema financeiro. O país apresenta déficit primário desde 2014. No governo Bolsonaro, teve superávit geral, 2022, mas não resiste a uma análise séria, porque fizeram coisas como usar o pedal dos Precatórios, entre outros truques contábeis para conseguir lá. Em um número positivo. A verdade é que o Brasil apresenta um déficit nas contas há pouco mais de uma década.
A dívida brasileira que preocupa não é a dívida externa, mas a dívida interna. Quando é criado um ambiente em que as taxas de juro futuras são mais altas e mais baixas, a dívida aumenta. Mesmo que o governo equilibre despesas e receitas, o déficit nominal cresce muito por causa dos juros. É necessário restaurar a confiança para que as taxas de juro possam cair, levando a uma redução do défice nominal. Mas também é necessário ver dados que mostrem que o défice público está a diminuir. O mercado vive o mesmo cenário que vocês viram no início do ano, mas é mais temeroso.