O governo tomou a decisão acertada ao derrubar a decisão da Receita Federal sobre o Pix, o que fez com que se popularizassem rumores sobre a possibilidade de taxar essa operação financeira. Isso significa que a criação do BEX não deu votos a Bolsonaro na última disputa presidencial, mas antes os privou de Lula, por mentira deliberada. Este é um exemplo doloroso para o governo de que as suas comunicações estão a falhar, e numa área básica, que é a economia popular.
A administração pública carece de sensibilidade política ao expor procedimentos burocráticos que podem afetar a vida quotidiana das pessoas. A oposição tem demasiada malícia política para atacar as alas abertas do governo. O sector das comunicações governamentais era claramente um sector falho, porque nomear um político para um cargo como o da Secretaria de Comunicações, numa altura em que a tecnologia estava terrivelmente avançada, que nunca tinha feito este tipo de trabalho, era uma prova de que o governo não se importava com ele . Esta posição deve-se ao poder que as comunicações têm hoje, especialmente as comunicações digitais.
A disputa interna entre o ex-ministro Paolo Pimenta e a primeira-dama Ganga, que controlava as comunicações digitais através de pessoas da sua escolha, também evidenciou as deficiências. Os bastidores do conflito mostram que a visão analógica de Pimenta não correspondia às necessárias comunicações digitais. Agora tem um especialista, Sidônio Palmeira, e deve melhorar. Não há dúvida de que o governo tem coisas boas para anunciar, mesmo que, como qualquer governo, esconda o que é mau e exagere o que é bom.
Mas não creio que esta seja a maior necessidade. O governo é ineficaz em muitos aspectos. O único sector activo e inovador é o da economia, e precisamente por isso cria muito barulho dentro do próprio partido do governo, porque a equipa económica tem uma visão que não se enquadra na visão do Partido Trabalhista. Além disso, o ministro Fernando Haddad não tem poder político para administrar remédios amargos quando necessário e engole sapos com mais frequência do que o razoável.
Mas outros setores do governo não são eficazes e não trazem boas notícias. O Brasil deveria se destacar no cenário ambiental internacional, mas isso não aconteceu, porque havia conflitos dentro do Partido dos Trabalhadores. Há quem se oponha à ministra Marina Silva e quem queira explorar petróleo na margem tropical. Portanto, o governo não atua, porque sofre com questões ideológicas dentro do seu partido. A cultura melhorou e foi destruída, mas sem nada de novo; Ele voltou a fazer o que sempre fez.
Só agora o setor da educação, que era uma esperança de mudança devido ao sucesso do Ministro do Dia Camilo Santana no Ceará, começa a dar sinais de vida, com incentivo à formação e adesão de professores, assim como do Pé- programa de-Mia criado há um ano. Mas os resultados do programa Pisa continuam a evidenciar o nosso declínio. É um governo que não consegue mobilizar o país e que agora trava outra batalha, que é a devolução do imposto sindical.
A crise de Bex mostrou que o governo não inspirava confiança nos cidadãos comuns, porque a negação era apenas combustível para mais notícias que lançavam dúvidas sobre notícias negativas. A questão das notícias falsas é um fenómeno sério, mas antigo, embora tenha sido reforçado pelas redes sociais. Muito diferente da época em que Lola reunia multidões sozinha. A devolução de um imposto sindical seria uma forma de financiar os sindicatos para que possam voltar a desempenhar um papel proeminente na luta pelo espaço político, mas isso seria outro erro. Tentando buscar no passado uma solução no futuro. A reforma ministerial, próxima medida que o governo deverá melhorar na segunda metade do jogo, demonstrará se Lula percebe que a Aliança Democrática deve ser real ou se o governo continuará paralisado pelo Partido dos Trabalhadores.