Paiva, filha de Rubens, e outros parentes e vítimas da ditadura reforçam pedido de inclusão do prédio do DOI-Codi no ato: “Portal para o Inferno”

Paiva, filha de Rubens, e outros parentes e vítimas da ditadura reforçam pedido de inclusão do prédio do DOI-Codi no ato: “Portal para o Inferno”


No evento realizado neste sábado, na Tijuca, em frente ao antigo quartel do DOI-Codi, local onde Rubens Paiva do filme “Ainda Estou Aqui” e outras pessoas foram torturados durante a ditadura militar, a história dos sobreviventes e seus familiares deram um tom mais contundente à manifestação. Eles pediram que o local fosse tombado em nível federal e que fosse criado um museu para comemorar esse período.

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Vera Paiva, filha mais velha de Rubens Paiva, enviou uma carta, que leu em voz alta, em nome de sua família durante o evento, em frente ao local onde o DOI-Codi serviu de cenário de torturas e execuções durante a ditadura militar.

— Em nome da nossa família e dos filhos e netos de Eunice e Rubens Paiva, que estiveram presos neste local, tal como a minha irmã Ileana Paiva, prestamos hoje homenagem à nossa memória colectiva. Ela disse em mensagem que memória, verdade e reparação são as demandas que devem nortear este encontro diante do que foi uma porta para o inferno.

Busto de Rubens Paiva com flores – Foto: Isabella Cardoso
Busto de Rubens Paiva com flores – Foto: Isabella Cardoso

Ela também destacou a conquista recente de correção de certidões de óbito para reconhecer mortes decorrentes de homicídio, como foi feito no caso de Rubens Paiva, feito marcante retratado no filme “Ainda Estou Aqui”, indicado ao Globo de Ouro. .

— Os monumentos de memória reforçam o exemplo de milhares de Unis que, neste país, nos movimentos sociais de resistência à violência estatal, transformaram o seu luto em ação: lutar – disse Vera, continuando – Além de recuperar a memória daqueles que perdemos, vamos exigimos das Forças Armadas e do Estado um pedido formal de desculpas à nação brasileira Implementando uma reforma militar que ponha fim à velha doutrina.

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A cineasta Lucia Morat, ex-presa política e diretora de “Como é Bom Ver Você Vivo”, relembrou as dolorosas lembranças dos dias em que foi torturada no DOI-Codi durante a exibição realizada no sábado (11), na Tijuca.

-Eu estava dormindo quando fui levado. Eu sabia que seria torturado. Fui levado para a sala de tortura, me colocaram em uma vara de papagaio e me encharcaram com água para tornar os choques mais fortes. Perdi a noção do tempo, mas sabia que precisava aguentar pelo menos 12 horas para proteger meus camaradas.

Os relatórios de Lúcia apresentam recordações de muitos atos de violência. Ela relatou práticas como traumatismos na língua, espancamentos e até uso de baratas como instrumentos de tortura:

-Eles colocaram uma barata na minha vagina. A cada tortura, sabíamos que nossas vidas poderiam ser eliminadas. Para eles seremos apenas mais uma morte entre muitas. Ele confirmou que pelo menos 49 pessoas foram mortas no DOI-Codi.

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Ela enfatizou a importância de responsabilizar essas pessoas, mesmo após a sua morte.

– A justiça deve ser alcançada. Esta barbárie deve ser reconhecida. Um povo sem memória é um povo sem futuro. Temos futuro e por isso estamos aqui, lutando para que a memória e a história não sejam apagadas.

Entre os discursos, Álvaro Caldas, autor de “Retirando a Tampa”, falou sobre o que viveu durante a ditadura militar.

-Eu sou um sobrevivente deste sistema. Fui preso aqui em janeiro de 1970, na mesma época que Mário Alves. Um ano depois, Rubens Paiva passaria pela mesma porta. Ambos foram brutalmente torturados e mortos. “Este edifício era uma verdadeira oficina de tortura”, disse Álvaro emocionado enquanto o público o aplaudia.

Alfaro compartilhou detalhes de sua prisão e tortura.

-Fui torturado quatro vezes. No começo eu era um ativista. No segundo, estava apenas tentando reconstruir minha dignidade como jornalista. Fui sequestrado por um agente do governo e nem sabia do que estava sendo acusado. Só 36 anos depois é que descobri que um soldado me confundiu com outra pessoa.

Além de Álvaro, foram lembrados outros nomes de vítimas da ditadura, como Stuart Angel, jovem que foi brutalmente assassinado em outro quartel. Para Álvaro, preservar a memória dessas atrocidades é fundamental para evitar que voltem a acontecer:

– Este edifício precisa ser tombado e transformado em museu da memória. Não podemos permitir que esta história seja apagada.

Reivindicações e resistência

O evento, promovido pela ABI, Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz, também contou com a presença de ex-presos políticos, familiares de vítimas e representantes da sociedade civil. O principal objetivo era exigir a demolição do prédio, onde foram mortos pelo menos 49 presos políticos, e o fim das atividades do 1º Batalhão de Polícia do Exército, que ali ainda funciona.

Para Alfaro, tombar o prédio é uma forma de reforma histórica:

Preservar este espaço é uma mensagem clara de que não iremos comprometer.



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