Os vilões da inflação em 2024, alimentação deve ser um estressor neste ano

Os vilões da inflação em 2024, alimentação deve ser um estressor neste ano


O aumento dos preços dos alimentos foi o principal motivo da inflação em 2024, com a taxa acumulada atingindo 7,69%, a maior desde 2022. Este cenário deve se estender até 2025, mesmo com perspectivas de colheitas maiores e condições climáticas menos adversas este ano. Porém, segundo analistas, outros itens também terão alta de preços, afetados pelo dólar mais forte.

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Com a eleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos, a moeda deverá se valorizar, aumentando ou mantendo o já elevado valor das commodities agrícolas. Se em 2024 alimentos como a carne (que subiu quase 21%, o maior aumento em cinco anos), o café (39,60%) e o azeite (21,53%) estão entre os alimentos que exercem maior pressão sobre a inflação, então em 2025 Produtos como a soja, o milho, o açúcar e novamente o café, que têm preços cotados nas bolsas internacionais, também deverão ficar mais caros.

Contudo, apesar da baixa taxa de câmbio, os analistas acreditam que o clima deverá beneficiar a agricultura, encorajar rendimentos mais elevados e, de alguma forma, favorecer a redução dos preços dos alimentos.

– Mesmo apesar da depreciação do câmbio, acreditamos que o impacto da agricultura na inflação neste ano será menor. Mas outros grupos devem ganhar maior liderança. Isto significa que os preços específicos aumentarão ainda mais, assim como os serviços e os bens duradouros, impulsionados pela taxa de câmbio. Então, tem muita pressão circulando e isso não é bom. Porque aí fica mais difícil conter a inflação, explica André Braz, economista do FGV Ibre.

A pressão sobre os preços dos alimentos também pode tornar-se uma dor de cabeça para o governo, uma vez que tem um impacto mais forte nas populações de baixos rendimentos. Mesmo num cenário de aceleração económica, com o desemprego em mínimos históricos, o aumento dos preços dos alimentos afecta as percepções de bem-estar e poder de compra.

– O que mais acelerou foi a inflação entre a população de baixa renda, porque é a parte que gasta mais da sua renda com alimentação, e é justamente o que está subindo mais agora, enquanto a população de alta renda acaba gastando mais com alimentação . serviço. A inflação é sempre um dos maiores detratores da popularidade geral dos governos e este é um cenário que continuará sob pressão no futuro, explica Lucas Barbosa, economista da AZ Quest.

Segundo ele, assim como o fenômeno do aumento dos preços deve se espalhar mais em 2025, a sensação de queda do poder de compra da população também estará presente em outros produtos, não apenas nos alimentos.

– A parte alimentar acaba virando a principal, mas o que a gente percebe é uma inflação generalizada em todos os setores, que atinge também os produtos industriais, por conta do câmbio, e os serviços, por conta do baixíssimo desemprego. Ele conclui que a renda ainda é muito sustentável e o consumo deve continuar muito forte, mas com sensação de queda do poder de compra.

Outros itens deverão ficar mais caros este ano, segundo Braz, como passagens de ônibus urbanos, mensalidades escolares e automóveis. Para ele, esse cenário sugere que a política monetária deve continuar mais austera, prometendo aumentos mais fortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM) do banco central.

Redução da conta de luz em janeiro

Para analistas, o alívio nas contas de luz do final do ano passado deve continuar no início de 2025. É o que explica Igor Cadillac, economista do PicPay. Segundo ele, a expectativa é de inflação em janeiro, puxada pela energia elétrica, com impacto do bônus de Itaipu nas contas de energia. A previsão para o primeiro mês do ano é de contração de 0,4%.

Começamos o ano com recessão, o que é uma notícia positiva. Mas quando paramos para analisar os aspectos qualitativos, o cenário do ano continua bastante turbulento. As expectativas de inflação para 2025 são de 5,2%. A alimentação em casa continua sob pressão, prevendo-se um aumento de 8% este ano. Portanto, essa tendência de piora que vimos nos últimos três meses deve continuar ao longo de 2025. Se o nosso cenário se confirmar, será mais um ano de superação do teto da meta – explica o economista.

Ele também apontou expectativas de aumento nos preços dos serviços e produtos industriais.

Barbosa, do AZ Quest, destaca que o aumento do preço da gasolina, item que teve maior impacto no resultado de 2024, também deverá ver seus preços subirem no início de 2025.

— Há aumento do ICMS previsto para fevereiro, mas o repasse ao consumidor já ocorre ao longo de janeiro, o que continuará em fevereiro, aumentando a pressão sobre os combustíveis.

De acordo com as previsões do AZ Quest, a inflação deverá manter-se em torno de 5,5% ao longo de 2025, sendo provável um abrandamento apenas a partir do quarto trimestre.



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