Nova defesa de Bolsonaro busca contestar a validade das provas obtidas pela Frente Nacional na trama golpista

Nova defesa de Bolsonaro busca contestar a validade das provas obtidas pela Frente Nacional na trama golpista


O advogado Celso Velarde, que se juntou à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso da trama golpista, deve trabalhar sob a premissa de invalidade das provas do inquérito da Polícia Federal que atualmente está nas mãos do Ministério Público (PGR). O defensor disse aos entrevistadores que além do acordo de delação premiada oferecido pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro, há outros elementos da investigação que abrem margem para recurso.

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No caso da acusação de Sayed, um dos pontos que ele considera problemático é o fato de o ex-assessor ter acrescentado fatos novos em comunicado que apresentou ao ministro Alexandre de Moraes em novembro do ano passado. Na ocasião, falou sobre a atuação do ex-ministro Braga Neto, posteriormente preso por suspeita de obstrução à justiça.

Antes de assumir a defesa do ex-presidente, Velardi realizou entrevistas para analisar a investigação. Conforme descreve a coluna de Lauro Jardim, da Globo, o advogado disse em entrevista a Vega em novembro do ano passado que considerava “incontestável” a existência de organização criminosa nos fatos investigados pela Polícia Nacional.

– Acredito que existem provas sólidas contra os acusados, inclusive contra o Presidente da República. Isso basta na acusação, e deveria bastar na apresentação da denúncia – afirmou.

No mesmo mês, afirmou na CNN Brasil que “o trabalho da Frente Nacional foi bem feito” e citou evidências, como o plano golpista impresso no Palácio do Planalto.

Mas agora, Velardi disse que ainda não havia estudado o processo quando falou sobre ele e, conhecendo o caso mais detalhadamente, sua avaliação mudou. O advogado continua entendendo que há fatos graves, mas não houve envolvimento do ex-presidente. Antes de assumir o novo cargo, o zagueiro teve uma conversa com o ex-presidente na qual abordou esses pontos.

Bolsonaro foi indiciado pela Frente Nacional em novembro do ano passado junto com outras 39 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A investigação começou depois que os golpistas invadiram prédios na Praça dos Três Poderes, em Brasília, com o objetivo de chegar às lideranças que orquestraram a tentativa de golpe no país.

Entre as provas contra Bolsonaro, a Frente Nacional apontou indícios de que o ex-presidente sabia do plano de matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022 .

O documento envolvendo o planejamento dos assassinatos, denominado “Adaga Verde Amarelo”, foi impresso no Palácio do Planalto pelo então segundo em comando da secretaria presidencial, general Mario Fernández, que foi preso e indiciado. A investigação indica que, no dia 16 de dezembro de 2023, o militar preparou seis cópias do processo, o que segundo os investigadores indica que será distribuído em reunião.

Registros no Palácio da Alvorada do dia seguinte, 17 de dezembro, mostram que Mario Fernández foi um dos visitantes da residência oficial do presidente, onde Bolsonaro ficou preso após perder a eleição para o presidente Lula. No mesmo dia, o ex-assessor especial Felipe Martinez, que, segundo depoimento de Cid, é um dos mentores do projeto golpista, também esteve presente no local no mesmo dia.

Além disso, um dos principais pontos da investigação é um projeto de golpe que, segundo a Frente Nacional, Bolsonaro apresentou aos líderes das Forças Armadas, após a derrota nas eleições presidenciais de 2022, incidente que foi relatado por um ex-assessor . De Camp Mauro dominou o acordo de delação premiada e foi confirmado pelos ex-comandantes Marco Antonio Freire Gomez (Exército) e Carlos Almeida Baptista Jr. Almir Garnier, que chefiava a Marinha, foi o único que aprovou o projeto, segundo a investigação.

O general Freire Gomez e o brigadeiro-general Baptista Junior, da Frente Nacional, disseram que Bolsonaro apresentou um documento que previa as possibilidades de estabelecimento de estado de defesa ou de sítio, bem como o início da operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Segundo depoimento, Freire Gomez ameaçou Bolsonaro de prisão caso ele desse continuidade ao plano golpista.

Outro elemento citado na investigação é a reunião com tema golpista, realizada em julho de 2022, no Palácio do Planalto, com membros dos mais altos escalões do governo. Na ocasião, ele incentivou Bolsonaro a agir antes das eleições, e isso foi seguido por um discurso de poucos minutos em apoio ao golpe.

Na mesma reunião, um dos assessores mais próximos de Bolsonaro, o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Empresarial (GSI), disse que “a situação” teria de ser invertida em breve, antes dos resultados eleitorais.



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