O ano de 2024 termina com algumas lições importantes.
A primeira é que a Terra nos mostra que se não nos comportarmos, pagaremos o preço da nossa irresponsabilidade. Infelizmente, aqueles que causam o aquecimento global não receberão a maior parte da conta – que, na verdade, poderiam facilmente pagar. São essencialmente os mais pobres, aqueles que vivem à margem do mundo mais “civilizado”.
A verdade é que está cada vez mais claro que fazemos parte de Gaia, o organismo que James Lovelock imaginou para representar a integração de todos os ecossistemas do nosso planeta e a inteligência por ele gerada.
Gaia confronta-nos com duas escolhas: a primeira é continuar a funcionar como simples vírus, como formas de vida primitivas que se reproduzem e sobrevivem à custa do nosso hospedeiro e da sua “saúde”. Neste caso, os mecanismos imunológicos e as defesas da Terra se voltarão contra nós, como já sabemos. A segunda é começar a agir como nós: a espécie mais evoluída e mais consciente deste lindo planeta. A consciência é precisamente o que nos permitirá usar a nossa inteligência para mudar o nosso comportamento e salvar o que resta de bom no futuro dos nossos filhos.
Outra lição é que podemos fazer mudanças importantes quando conseguimos ampliar a percepção até que ela se torne próxima do consenso. Todos sentem que o uso excessivo de telas digitais é prejudicial para nós, principalmente para as crianças. Foi um salto rápido até terminar o ano com uma lei que proíbe o uso de telemóveis em todas as escolas públicas e privadas do país. Lutei muito por isso, mas estou impressionado com a rapidez com que esta ideia se desenvolveu.
Isto diz muito sobre a nossa capacidade de mobilização e trabalho conjunto. Quando partilhamos a visão, quando a sociedade civil é revitalizada, quando as redes sociais servem uma boa causa e a consciência se expande, podemos provocar grandes transformações.
Combinando as duas lições, será possível começar o novo ano com esperança renovada. Se todos nós, activistas, jornalistas, líderes comunitários, empresários, bons políticos e pessoas que estão conscientes desta questão, pudermos transformar os sinais muito claros que recebemos do nosso “anfitrião” num amplo consenso comunitário, talvez possamos fortalecer cada vez mais a segunda opção (a opção de sensibilização) à medida que avançamos mais rapidamente no sentido de mitigar e reverter os efeitos das alterações climáticas. Preservando assim a qualidade de vida do nosso tempo e do futuro em que viverão os nossos filhos.
Feliz 2025 a todos os leitores, e a todos que me acompanham nesta jornada em defesa da infância, tão linda, tão desafiadora e tão cheia de propósito. Muito amor, convivência, alegria, saúde e boas aventuras (sempre que possível, na natureza).