Quem não resiste aos sucessos do Molejo, Grupo Raça e Só Pra Contrariar já tem programação marcada para a próxima sexta (3) e sábado (4): “Pagode da Mart’nália”, show no Circo Voador, onde a cantora apresenta seu décimo terceiro álbum, que é um verdadeiro mergulho nos clássicos do pop romântico e do samba dos anos 90.
Convidada do nono episódio do #ELAPod, vídeo veiculado pela Revista ELA — exibido no canal do YouTube do jornal O GLOBO e no Spotify —, Mart’nália falou sobre o novo álbum, sua relação com as grandes estrelas da MPB e momentos divertidos de sua infância sem as cordas anexadas. “Não existia menina fazendo isso e menino aquilo. Sempre fui livre para brincar o que quisesse”, diz a seguir, a cantora fala sobre o despertar da sexualidade, da libido na menopausa e do dia dela. A mãe, Anália, decidiu… Homenagear o pai, Martinho da Villa, antecipando o parto cesáreo para 7 de setembro.
Por que salvar um pagode na década de 1990?
Marcinha Alvarez (empresária), que trabalha comigo há cerca de 20 anos, sonhou que eu estava tocando pagode e pensamos: “Sim, vamos gravar”. Entramos em contato com o (tecladista e cavaquinista) Luiz Otávio, que fez os arranjos, e (diretor musical) Marcos Brito, e encontramos músicas que eu poderia tocar e cantar com a voz, sem muito esforço. Convidei meu pai para cantar a música “O teu chamego” do Grupo Raça, e foi ótimo porque transformamos a música, que é sobre o amor entre casais, num abraço de pai e filha. Depois convidei Luisa Sonza para gravar “Cheia de manias” da Rasa Negra, e Cayetano para cantar “Domingo” do SPC.
Você vive dizendo que é preguiçoso, mas sempre lança algo novo. Afinal, é assim ou não?
Até meu nome nada mais é do que preguiça. Annalia, mãe, Martinho, pai. Pronto: Martinália. Tenho preguiça sim, mas a vida e os pagamentos não param, temos que trabalhar. Sou uma pessoa preguiçosa e inquieta. Não gosto da mesma coisa, mas odeio fazer muitas coisas.
É verdade que a sua mãe antecipou o seu nascimento para 7 de setembro porque queria homenagear o Martinho, que era soldado?
e. Há 59 anos, as cesarianas eram uma novidade no Brasil. Minha mãe achou que era estiloso e moderno e me levou embora quando eu tinha 8 meses, no Dia da Independência. Resultado: passei mais de um mês na incubadora. Não só porque nasci prematuro, mas porque devem dinheiro ao anestesista. Reservaram tudo, mas esqueceram de pagar ao homem. Deixou para mim.
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Mesmo sendo filha de um militar, você cresceu em liberdade. As meninas não precisavam usar rosa e os meninos azul, certo?
Tinha muita gente na casa, muitas tias, 35 pessoas. Sempre fui curvilínea e preferia usar as roupas da minha prima às da minha irmã, que eram justas. A primeira vez que fui passar uma peça, passei meu botão. Na escola achavam que eu estava sendo maltratado porque sempre chegava enrugado, e aí um dia me obrigaram a passar a roupa. Por que? Apoiei-me no ferro e abri um buraco no estômago. Sempre fui pior em encadernação do que em soneto. Se alisassem meu cabelo, eu colocaria a cabeça na pia e tiraria. Se eu usar salto alto, quebro a perna. Eu cresci livre. No samba não há preconceito. Isso nunca aconteceu. Hoje tudo é muito político. É até chato. Não sou LGBTQIAP+. Eu sou Martinália.
Quando você descobriu que gosta de garotas?
Nos jogos “Peras, Uvas e Maçãs”. As crianças foram dormir e eu fiquei acordado. Ele brincou dizendo que era menino e acabou beijando meninas.
No próximo ano ele completará 60 anos. Isso pesa?
A idade não me incomoda. Só me lembro quando as pessoas me perguntam. Para mim está tudo bem. Minha mãe morreu cedo (aos 52 anos de câncer). Não pensei que chegaria aos 60. Há amenorreia, irritabilidade e sudorese. Mas você se lembra que está vivo. Então, isso é bom.
O que mudou da Martinália das décadas de 1920 e 1940 para a década de 1960?
Não me lembro deles (risos). Mas acho que o jovem de 20 anos tinha uma espinha dorsal maior e o de 40 anos poderia beber mais. Passei três noites bebendo cerveja e acordei me sentindo ótimo. O homem de 60 anos bebe cerveja e precisa de um dia a mais para dormir.
Como está seu desejo sexual?
Desejo sexual, quando você tem muito, você tem que suprimi-lo. Se você tiver algum, vá em frente. À medida que você envelhece, tudo se junta e não é mais apenas uma questão de flertar. Você escolherá o melhor.
Planos para o Carnaval 2025?
Sempre digo que vou ficar calmo, mas não consigo. Meu sobrinho Raoni se juntou aos meninos de Villa Isabel e ganhou o samba da escola. Somos uma grande família, e ficarei aí chorando ao lado da minha bateria. Este é um legado que nunca pensei que veria. Será ótimo!