Na minha última coluna, descrevi alguns cenários alarmantes sobre a exposição a substâncias tóxicas que afectam as nossas crianças. Diante de tantas ameaças, é natural sentir-se ansioso. Mas não se preocupe: temos opções concretas para construir um ambiente mais saudável.
Em casa, pequenas mudanças podem fazer grande diferença: substituir utensílios de plástico por vidro ou cerâmica, principalmente para aquecer alimentos; Use filtros de água em vez de beber água engarrafada. Substitua os sacos descartáveis por outros mais sustentáveis e evite ao máximo todos os tipos de plástico: desde brinquedos e ferramentas até sacos descartáveis. Recicle tudo o que puder e incentive seus vizinhos a fazerem o mesmo.
Acima de tudo, evite produtos infantis de qualidade duvidosa, que não tragam o selo do Inmetro ou da Anvisa, como brinquedos e maquiagens infantis. Pode conter muitas substâncias tóxicas.
Ao limpar sua casa, procure usar produtos vegetais ou biodegradáveis. Evite sprays, desinfetantes e lave roupas com fragrâncias fortes. Purificadores de ar e aspiradores com filtros HEPA ajudam. As instalações de filtragem do ar e a ventilação natural reduzem a nossa exposição à poluição doméstica.
Para a higiene pessoal é possível optar por cosméticos livres de parabenos, ftalatos e outras substâncias tóxicas. Existem agora xampus, desodorantes, protetores solares e hidratantes mais seguros no mercado, muitos dos quais contêm formulações botânicas.
Quando se trata de alimentação, o melhor é reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e priorizar alimentos frescos e orgânicos sempre que possível. Ao pedir comida, peça embalagens de papelão. No vestuário, o uso de roupas feitas de fibras naturais reduz a exposição aos microplásticos.
Quando enfrentamos um problema ambiental e de saúde com implicações abrangentes como este, a mudança individual não é suficiente. A nossa participação como cidadãos é essencial, cabendo às empresas e às autoridades públicas desempenhar o seu papel – um papel ainda maior, na verdade.
Podemos, por exemplo, pressionar o Poder Executivo e o Congresso para impor regulamentações mais rigorosas sobre pesticidas, proibir produtos proibidos no exterior e apoiar a agricultura orgânica e familiar.
O plástico merece atenção especial. É necessário restringir a produção, utilização, investigação e apoio a produtos alternativos. Eles exigem políticas regulatórias, como a proibição do uso de materiais tóxicos na fabricação, a proibição de itens de consumo não essenciais e a responsabilização das empresas pelo destino de suas embalagens.
A indústria petrolífera não está apenas a destruir a nossa saúde, está a destruir o nosso futuro. As crianças estão em maior risco. Precisamos de pressionar para acelerar a transição para as energias renováveis e incentivar os transportes públicos não poluentes. E proteger as nossas florestas e árvores urbanas, que filtram a poluição, acumulam carbono, fornecem oxigénio e regulam o clima.
O governo deve monitorizar as indústrias poluentes, incentivar a procura de alternativas sustentáveis e monitorizar a qualidade do ar e da água. As empresas devem cuidar dos consumidores e do meio ambiente nas diversas etapas de sua cadeia produtiva, eliminando gradativamente os materiais tóxicos e investindo em tecnologias limpas.
A ação coletiva pode trazer mudanças mais poderosas. Podemos aderir a grupos de lobby político, exigir práticas sustentáveis das empresas, participar em consultas públicas, apoiar organizações ambientais, ensinar os nossos filhos sobre o consumo consciente e exigir que as escolas façam o mesmo. Podemos trocar informações sobre produtos mais seguros e ideias sustentáveis e promover os produtores locais.
Esta não é apenas uma utopia vaga. Já existem comunidades, académicos e activistas a fazer grandes mudanças.
Que este novo ano nos conduza a um futuro mais saudável: nas pequenas decisões familiares e nas ações cívicas que produzirão grandes transformações. O futuro dos nossos filhos vale todo esse esforço.