A disputa entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a Diretoria de Segurança Pública, visava aumentar o orçamento do Ministério da Agricultura com as emendas da Comissão e reservou, só em dezembro, R$ 535 milhões para a distribuição de “maquinaria pesada” em todo o país a partir deste ano. O valor foi penhorado – ou seja, mantido para uso – paralelamente ao impasse entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) devido à obstrução das emendas propostas pelo ministro Flávio Dino, pela falta de transparência nas indicações dos parlamentares. . A potencial perda da pasta na tão esperada reforma ministerial irrita o Partido Social Democrata.
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Uma pesquisa da Globo identificou que Alagoas, no estado de Lira, foi um dos destinos mais cogitados na última onda de compromissos, nos dois últimos dias de 2024. A possibilidade de mudança na agricultura já fez soar o alarme no PSD. Para o atual ministro e egresso do Senado, Carlos Favaro (MT). Líderes do partido, liderado em nível nacional por Gilberto Cassab, avaliam nos bastidores que perder a pasta de Favaro insatisfaria ainda mais o partido, cuja cadeira de vereador já exige um espaço mais poderoso na Esplanada dos Ministérios.
O GLOBO identificou 92 notas de compromisso no Portal da Transparência do Governo Federal, emitido no mês passado, em que foram reservados recursos de reajuste de comissões para compra de maquinários, no âmbito do leilão 90010/2024. O leilão em questão, realizado em abril do ano passado, prevê que o governo federal compre até R$ 2,5 bilhões e distribua aos estados e municípios equipamentos como retroescavadeiras, motoniveladoras, tratores agrícolas e caminhões-pipa.
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O objetivo previsto no edital é fornecer “máquinas pesadas (…) para atender” o Ministério da Agricultura e “estados, municípios e Distrito Federal”. As notas de compromisso, por sua vez, estabelecem o propósito de “mecanização e intervenções nas estradas locais”. O edital prevê ainda que as máquinas sejam entregues à Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária (SFA) de cada estado.
No caso do Ministério da Agricultura, o valor dos reajustes de comissões saltou de R$ 12 milhões em 2023, para R$ 850 milhões no ano passado. Considerando outros tipos de emendas parlamentares, a parcela do orçamento do departamento que depende de indicações do Congresso é de 13%, mas chega a 41% quando se ignoram os gastos obrigatórios, que variam um pouco a cada ano. O índice é semelhante ao de 2020, primeiro ano do orçamento secreto, quando 12% do orçamento agrícola veio de nomeações parlamentares, segundo dados do Sistema Integrado de Orçamento e Planeamento (SIOP) – chegando a 52% de não- nomeações obrigatórias. Gastos.
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No caso dos R$ 535 milhões prometidos em dezembro, os recursos foram selados pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado. Somente nos dias 30 e 31 de dezembro, em um conjunto de 20 notas de compromisso analisadas pelo GLOBO, o Ministério da Agricultura destinou mais de R$ 400 milhões. Segundo notas, Alagoas será destino com R$ 34,6 milhões em maquinários, sendo o quinto estado mais estudado – atrás de Piauí, Acre, Amazonas e Rio Grande do Norte, que lidera o setor com R$ 50,8 milhões.
O comprometimento é a primeira etapa do gasto e ocorre quando o poder público reserva um determinado valor para utilização. Depois, à medida que o serviço contratado pelo governo é efetivamente prestado, o valor é liquidado e finalmente pago à empresa responsável. No caso deste leilão, considerando apenas os recursos empenhados em dezembro, foram selecionadas 14 empresas para fornecer máquinas em todo o país. O fornecimento será feito através da ata de registro de preços, que é quando a empresa se compromete a entregar os equipamentos conforme solicitação governamental, e nos preços e quantidades previamente acordados.
Procurado, o Departamento de Agricultura disse que ainda estava processando os chamados “pagamentos residuais” de 2024 — ou seja, valores que foram comprometidos no ano passado, mas que não ultrapassaram outros marcos de gastos até o dia 31 — e que “essa questão pendente pode causa… Mudanças em valores e informações. A secretaria disse que fará sua “contabilidade completa” a partir desta semana e não informou quantos equipamentos os estados e municípios já distribuíram.
“O Ministério da Agricultura e Pecuária informa que está investigando os valores empenhados que foram liquidados e pagos até o momento (…) Também estamos investigando os valores pagos em 2024 e suas destinações.”
A distribuição de tratores aos aliados foi um dos elementos-chave do chamado “orçamento secreto” no governo de Jair Bolsonaro (PL). O cronograma agradou aos parlamentares, entre outros motivos, porque permitiu a entrega do concreto “na hora” em um prazo menor do que seria necessário, por exemplo, para obras e pavimentação. Com o vencimento das alterações do Relator Geral, em 2022, por decisão do STF, parte desse valor foi redirecionado para as alterações da Comissão.
No início do governo, Favaro, atual ministro, concentrou os recursos herdados até o fim do orçamento secreto de seu estado, Mato Grosso. Ao longo de 2023, o Ministério destinou R$ 129 milhões para obras locais de pavimentação de estradas no reduto do ministro. O valor em questão ficou à disposição do Ministério após a ministra Rosa Weber, do STF, declarar inconstitucionais as alterações da decisão, em dezembro de 2022.
A última leva de compromissos agrícolas do ano passado, nos dias 30 e 31 de dezembro, mal incluiu Mato Grosso: o estado ficou apenas em 21º lugar em recursos comprometidos, no conjunto de observações analisadas pelo GLOBO, com R$ 2,2 milhões, que pagarão para enviar 12 tratores.
O Rio Grande do Norte, estado mais visado nos últimos dias de 2024, deverá receber, em uma única liberação, 40 retroescavadeiras e 20 compactadores de asfalto. Esse mecanismo foi comprometido no dia 31, última data possível antes que os recursos disponíveis para emendas perdessem a finalidade e “retornassem” ao tesouro do governo.
O Amazonas, segundo estado da lista, foi considerado principalmente no dia 30, quando o governo prometeu valores para 15 motoniveladoras e 20 escavadeiras hidráulicas, segundo os documentos. No total, o Ministério da Agricultura destinou R$ 40,9 milhões em maquinários ao estado nos dias 30 e 31. Os compromissos de Alagoas neste período, por sua vez, indicam 28 retroescavadeiras, 14 motoniveladoras, 14 tratores, 14 carregadeiras e 12 compactadores. Rolos.
A notificação agrícola prevê a distribuição de até 1.100 tratores e 840 retroescavadeiras em todo o país. As quantidades e valores dos equipamentos variam de acordo com a localização, disponibilidade do fornecedor e questões logísticas.