A China registará um nível recorde de exportações em 2024, anunciaram segunda-feira os meios de comunicação estatais, antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca. Trump ameaçou impor tarifas sobre os produtos do gigante asiático. “O valor das exportações ultrapassou pela primeira vez os 25 biliões de yuans”, ou cerca de 3,58 biliões de dólares, representando um “aumento anual de 7,1%”, informou a emissora estatal CCTV.
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As importações, por sua vez, ascenderam a 18,39 biliões de yuans, cerca de 2,59 biliões de dólares, um aumento homólogo de 2,3%, acrescentou a CCTV. O excedente resultante de 990 mil milhões de dólares quebrou o recorde anterior da China de 838 mil milhões de dólares em 2022.
As vendas externas representam um dos poucos pontos positivos no desempenho da segunda maior economia do mundo, que cresce lentamente, prejudicada pelo fraco consumo interno e por uma grave crise no endividado setor imobiliário.
Mas esta actividade exportadora está ameaçada pelo regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Durante o seu primeiro mandato, ele já havia iniciado uma guerra comercial com o gigante asiático.
De acordo com uma análise do The New York Times, quando ajustado pela inflação, o excedente comercial da China no ano passado excedeu em muito qualquer outro excedente mundial no século passado, mesmo os de potências exportadoras como a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos. As fábricas chinesas dominam a produção global numa escala nunca vista por nenhum país desde os Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial.
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O crescimento da China, segundo o New York Times, atraiu críticas de uma lista cada vez maior de parceiros comerciais da China. Os países industrializados e em desenvolvimento aumentaram as tarifas numa tentativa de abrandar esta maré. Em muitos casos, a China retaliou na mesma moeda, aproximando o mundo de uma guerra comercial que poderá desestabilizar ainda mais a economia global e que provavelmente irá agravar-se com o regresso de Trump.
As exportações chinesas, desde automóveis a painéis solares, têm sido um trunfo económico para o país. Criou milhões de empregos, não só para trabalhadores fabris, cujos salários ajustados à inflação quase duplicaram na última década, mas também para engenheiros, designers e cientistas investigadores altamente remunerados.
Entretanto, as importações de produtos industriais pela China abrandaram acentuadamente. O país tem procurado alcançar a autossuficiência nacional nas últimas duas décadas, especialmente através da política “Made in China 2025”, para a qual Pequim prometeu 300 mil milhões de dólares para incentivar a produção avançada.
A China passou de importadora de automóveis a se tornar o maior exportador de automóveis do mundo, ultrapassando o Japão, a Coreia do Sul, o México e a Alemanha. Uma empresa estatal chinesa começou a fabricar aeronaves comerciais de corredor único na tentativa de um dia substituir a Airbus e a Boeing. As empresas chinesas já produzem quase todos os painéis solares do mundo.