“Olhei para o céu e estava cheio de estrelas”: mas como distinguir planetas de estrelas a olho nu? O truque é procurar objetos celestes no céu noturno que não cintilem, ou seja, “não pisquem”. Janeiro e fevereiro deste ano são “bons meses para observar o planeta”.
É o que afirma Ricardo Reis, do grupo de comunicação científica do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que pediu aos leitores que olhassem para o céu esta noite, de terça a quarta-feira. No sudoeste, explicou ao PÚBLICO, “há uma ‘superestrela’ pura que não arde – que na verdade é Vénus”. Logo abaixo, “e ganhando menos a cada dia”, está Saturno.
Surge Júpiter, “girando 90 graus, para sudeste e no alto do céu” e, “finalmente, praticamente oposto a Vênus, voltado para leste”, Marte com um “brilho levemente alaranjado ou avermelhado”.
Esses quatro planetas serão visíveis simultaneamente [a olho nu] e traça uma linha aparente que atravessa o céu”, explica Ricardo Reis, acrescentando que não é possível ver Mercúrio, “que está a passar em frente do Sol”. “E quando o planeta Mercúrio começa a ser visto ao anoitecer, por volta dia 21 ou 22 de fevereiro, este é o momento em que Saturno já estará muito baixo e muito próximo do Sol para ser facilmente observado.”
Na verdade, sublinhou o especialista, “esta linha imaginária é a projeção do plano do nosso sistema solar no nosso céu”, que se chama “planetário” “Todos os planetas orbitam mais ou menos no plano do sistema solar, então seu movimento aparente em nosso céu é mais ou menos ao longo desta linha imaginária.”
É importante notar que “este é um alinhamento aparente dos planetas no céu”, e não “um alinhamento real dos planetas no sistema solar” – até porque “eles não estão todos do mesmo lado do Sol” , diz Ricardo Reis. “Agora, se eles se movem – aparentemente – ao longo de toda a eclíptica, quando mais de dois estão visíveis no céu ao mesmo tempo, eles naturalmente parecem alinhar-se”.
Planetário do Porto – Centro Ciência Viva/Stellarium
Além destes planetas, existem outros dois que não podem ser vistos a olho nu: Urano e Netuno – embora os especialistas admitam que pode ser possível observá-los no céu com pouca poluição luminosa usando binóculos ou telescópio.
Entre 31 de janeiro e 12 de fevereiro, acrescentou Ricardo Reis, a Lua será vista a juntar-se ao desfile. “Embora a órbita da Lua esteja ligeiramente inclinada em relação à eclíptica, ela parece quase alinhada com as outras no céu.”
Segundo um representante do Instituto de Astrofísica e Ciências Espaciais, “o aparente alinhamento dos planetas não é raro, mas não acontece todos os anos”. “Portanto, sempre vale a pena dar uma olhada.”