Dezembro é um mês de encontros, mas um mês de despedidas. Da velhice, da família e dos amigos, da louça velha jogada pela janela. Muitas reuniões estão marcadas apenas para dezembro próximo.
O pior é um adeus inesperado. Se as mortes são sempre dolorosas, desta vez parecem doer ainda mais. Os que permanecerem aproveitarão novamente esta época, onde esperamos ser felizes, alegres, cheios de esperança.
Mas a morte não é a única despedida que vem.
Neste dezembro, vemos e-mail Encha-se de mensagens de despedida. Colegas, amigos, companheiros (não palhaços) que decidiram aproveitar o processo final amigável Aberto por quem administra administrativamente o PÚBLICO.
Quem está perto da aposentadoria e quem está longe também se despede. Cansaço, despromoção, falta de reconhecimento, promoções e aumentos há muito adiados, frustração, possibilidade de pagar empréstimos sem comissão, mudar de vida, mais tempo para a família, novos projetos, todos motivos válidos e ponderados.
Mas ninguém parece realmente feliz em partir.
“Até já”, “Adeus Português”, “Meu Homem”, “Áudio, tchau, tchau, tchau!”, “Salto Alto” foram alguns dos títulos escolhidos para mensagens de despedida aos colaboradores que agora abandonam o Público. Muitos estiveram conosco nas últimas duas ou três décadas. Eles farão falta, muita falta. Nas redações de Lisboa e do Porto, aos leitores e aos países cada vez menos democráticos.
Naquela época, foram recuperadas fichas técnicas do “número zero” e primeiras edições. Havia um nome que alguns chamavam de “Príncipe do Jornalismo”. Muitos morreram, alguns foram baleados em massa. tristeza
É sabido que os jornalistas não devem estar nas notícias. Estamos nos defendendo agora: isso não é notícia e o jornal não é feito só por jornalistas.
Num dos últimos aniversários, um jovem perguntou confuso: “Quem trabalha no mesmo lugar há 30 anos?” A verdade é que o PÚBLICO nunca foi “o mesmo sítio”. E não estamos falando de endereços ou comodidades, que eram muitas.
Quem está aqui há 30 anos ou mais já esteve em lugares diferentes com novos aprendizados, desafios inesperados, adaptando-se ao mundo. E tanto que ele mudou.
Telexes, faxes, entregadores faziam viagens noturnas apressadas às impressoras, fotólitos enrolados em tubos de papelão. As notícias são enviadas através de telefone via satélite de alta potência a partir do Iraque ou de Timor. Coletes à prova de balas inadequados para mulheres jornalistas. Ao falar sobre gênero, foi discutido na gramática; Numa rede, era para pescar.
Internet, e-mail, novas plataformas, procedimentos e rotinas diferenciadas, edição On-linemultimídia, podcastCom adaptação e dedicação de todos, visíveis e invisíveis, tudo foi incorporado a um cotidiano cada vez mais intenso e criativo. Mais velhos e mais jovens. Se alguma coisa falhou, não foi na parte editorial.
“Quem trabalha no mesmo lugar há 30 anos?” Planejamos ficar apenas três meses. Mas na redação podemos discutir, crescer, discordar, cantar, chorar e até dançar. Não é fácil sair de um lugar assim.
Sair ou não? A decisão deve ser tomada até o Dia dos Três Reis, 6 de janeiro. O certo é que levará algum tempo para voltarmos a desfrutar desta quadra. Como quando alguém morre.