Princesa, poetisa e sacerdotisa, Enheduana foi a primeira mulher a receber um título reservado a figuras de grande importância política.
Resumo
Enheduana, princesa, poetisa e sacerdotisa da antiga Suméria, foi a primeira pessoa a assinar a sua obra literária, escondendo a identidade da época.
O título de primeira escritora da história é uma mulher. Enheduana, princesa, poetisa e sacerdotisa que viveu na Mesopotâmia por volta de 2300 a.C., é reconhecida como a primeira pessoa a assinar a sua obra literária, sem revelar os nomes que caracterizam os textos da época.
Filha do rei Sargão do Império Acadiano, recebeu o nome que significa “adorno do céu”, uma referência à lua. Enheduana era a principal sacerdotisa do deus da lua Nana na antiga cidade suméria de Ur. Também a primeira mulher a receber o título EN, reservado a figuras de grande importância política
5 escritoras feministas são leituras essenciais
Mas apesar do seu papel na política, foi a sua escrita que o fez entrar para a história. Na época, a maior parte da literatura mesopotâmica não nomeava seus autores, mas Enheduana assinou seu nome em canções contendo relatos pessoais e devoções religiosas. Ele até escreveu sobre abuso sexual.
Num dos seus escritos, Nheduana relata a chegada de um raptor que a abusa, expulsa-a de casa e até lhe dá uma faca, aconselhando-a a suicidar-se. Felizmente, a deusa Inanna, associada ao amor e à sensualidade, intervém e o salva.
Em outro poema, Enheduanna descreve seu processo de nascimento, que é iniciado pela queima de fogo simbólico no leito conjugal.
Mulheres são símbolos de resistência
Enheduana é creditado por compor 42 hinos dedicados a templos em uma vasta área da Suméria e Akka, incluindo regiões como Eridu, Sippar e Esnuna. Essas obras são conhecidas como Hinos do Templo Sumério.
Além disso, 37 tabuinhas de argila atribuídas a Enheduana, encontradas em Ur e Nippur, datando principalmente do período da Antiga Babilônia e da Terceira Dinastia de Ur, foram reconstruídas.
A forma como Nheduanna assinou os seus escritos foi considerada revolucionária. Numa época em que o anonimato era a norma, ela afirmou a sua autoria e trouxe uma perspectiva feminina para a literatura. O trabalho de Nheduanna demonstra que as mulheres desempenharam um papel importante na preservação e criação de conhecimento naquela época.
Além disso, segundo historiadores, acredita-se que, além dela, outras mulheres, como esposas de reis e sacerdotes, também produziram textos literários, refletindo uma sociedade onde as mulheres tinham mais poder do que as gerações posteriores.