A epidemia de dengue em São Paulo continua inabalável após um ano recorde

A epidemia de dengue em São Paulo continua inabalável após um ano recorde


Depois de registrar número recorde de casos de dengue em 2024, São Paulo se prepara para mais um ano complicado de epidemia em 2025. Com 18 mil casos já diagnosticados em janeiro (4,3 mil confirmados por exames laboratoriais), os médicos temem que o vírus seja transmitido. . Estrada do Aedes. O mosquito egípcio ainda está fortemente presente no estado, principalmente no interior.

Pelo menos 21 municípios haviam declarado estado de emergência pela doença até a última sexta-feira, metade deles nas províncias norte e noroeste do estado. As regiões mais importantes são São José do Rio Preto e Araçatuba. Na Grande São Paulo, as taxas de infecção são menores, mas os números absolutos são preocupantes, porque já existem mais de 400 casos confirmados clinicamente e outros 1.100 em investigação.

No ano passado, a capital registrou recorde histórico no número de casos, saltando de 14 mil casos para mais de 623 mil casos no ano, um aumento de 4.336%. Dado que a época epidémica deste ano é, na verdade, uma continuação da época registada desde o início do verão, em dezembro, os médicos temem que a onda de casos ainda continue.

O principal fator por trás do recorde de dengue é ambiental: o aquecimento global, que facilita a reprodução do mosquito com calor e chuvas instáveis. Mas há outros dois fatores que preocupam a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que monitora os casos no estado: a maior presença do sorotipo 3 do vírus no país, e a imunidade de rebanho relativamente baixa da população.

– São Paulo é o estado com maior número de cidades com alta taxa de população por metro quadrado, e isso leva à transmissão da dengue – afirma o infectologista Alexandre Naime, coordenador científico da entidade e professor do UNICEF Botucatu. Outros locais como Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais também têm esse perfil, mas esses estados já sofreram com epidemias nos últimos anos, e a população possui alguma imunidade natural mediada pelo contato com o vírus. Agora é a vez de São Paulo.

A última vez que o estado viu uma epidemia desse porte foi em 2015, com mais de 100 mil casos naquele ano. Ao longo de uma década, a população se regenerou bastante, o que provavelmente levou a um declínio na imunidade coletiva, afirma o especialista.

O sorotipo 3 é um problema separado. Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, já existem alguns registros de casos desse tipo no estado, mas ainda estão longe de representar a maioria. Contudo, é necessário manter a vigilância.

“Se tivéssemos uma incidência alta do sorotipo 3 aqui em São Paulo, seria um desastre, porque aqui nunca teve uma prevalência alta e só criamos imunidade para os sorotipos com os quais temos contato”, diz Naime.

Em 2024, a taxa de incidência de dengue em São Paulo era a terceira maior do país, atrás apenas do Acre (onde o vírus tipo 3 está amplamente presente) e do Espírito Santo, outro local que não teve uma epidemia tão forte em 2024. Ano anterior, 2023.

Um sinal de que 2025 não deverá necessariamente conduzir a uma calmaria na pandemia é que as estatísticas de casos não estão a perder dinamismo. No ano passado e agora, na primeira semana de janeiro, foram notificados cerca de 15.000 casos.

– Ainda não sabemos se a gravidade da epidemia será a mesma do ano passado, mas estamos acompanhando com preocupação, e tentando fazer previsões utilizando modelos preditivos – afirma Regianni Di Paola, Coordenador Estadual de Vigilância Epidêmica. – No ano passado, vimos a disseminação dos sorotipos 1 e 2 do vírus, e depois apenas do sorotipo 3, e continua. Estamos assistindo.

Com a vacina contra a dengue da Takeda atualmente disponível apenas para crianças de 10 a 14 anos, e a vacina do Butantan em fase final de aprovação, a vacinação com agulha ainda não consegue conter a epidemia.

Os infectologistas reclamam da baixa procura pela vacina entre pessoas com filhos nessa faixa etária. Na cidade de São Paulo, já foram aplicadas 226 mil primeiras doses da vacina e 127 mil segundas doses. Para completar a imunização do público prioritário são necessárias 373 mil primeiras doses e 472 mil segundas doses.

Nesse contexto, as demais ferramentas de controle dos municípios são tradicionais, como a busca ativa de criadouros do mosquito em águas paradas e a pulverização de inseticidas em locais públicos, conhecida como o popular “fumacê”. Estas ações de combate estão ocorrendo na capital.

“Do ano passado para este ano, o número de nossos profissionais de saúde aumentou de 2.000 para 12.000, incluindo agentes comunitários e de controle de endemias, que têm visitado as residências e orientado os moradores sobre formas de prevenção e eliminação de infestações por mosquitos”, afirma o município. departamento de saúde. Seção em uma declaração.

Em Rio Preto, região com 53 mil casos por 100 mil habitantes neste ano, o município afirma ter aberto 55 leitos hospitalares adicionais para acomodar quem não melhora com o tratamento ambulatorial.

Em Araçatuba (143 casos/100 mil habitantes) o Ministério da Saúde depende de recursos do sistema comum e de auxílios estatais, mas tem utilizado recursos próprios para adquirir os exames diagnósticos necessários ao rastreamento da doença.

– Estamos realizando incursões e mutirões para eliminar o maior número possível de criadouros do Aedes. Em áreas com alto índice de infecção, temos todos os nossos agentes nas ruas fazendo visitas domiciliares, afirma Priscilla Cestaro, diretora de Vigilância Epidemiológica de Araçatuba. — Hoje não adianta focar apenas na fumaça, porque quando as larvas estão dentro das casas das pessoas, precisamos da cooperação delas para eliminar os criadouros.

Segundo Naeem, com o surgimento do vírus, também é importante orientar os moradores a procurarem ajuda diante dos sintomas da dengue.

– Quem apresentar febre alta e repentina, superior a 38,5 graus Celsius, com dores no corpo e dor de cabeça, precisa procurar atendimento médico imediatamente – afirma o infectologista. — Podemos reduzir significativamente as mortes por dengue quando tratamos os pacientes nos primeiros dias de sinais e sintomas.



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