Retorno da dengue tipo 3 preocupa Ministério da Saúde, que desenvolve estratégia para evitar explosão de casos

Retorno da dengue tipo 3 preocupa Ministério da Saúde, que desenvolve estratégia para evitar explosão de casos


Depois de enfrentar uma crise em 2024 devido ao aumento de infecções e mortes por dengue, o Ministério da Saúde tenta evitar que o cenário se repita em 2025. Embora as previsões epidemiológicas indiquem queda nas infecções, a disseminação do terceiro tipo da doença, que não é noticiado há dez anos, deixa o departamento já em estado de alerta. Isso porque a população tem menos proteção imunológica contra essa variante.

O elemento surpresa deste ano também deixou os especialistas em alerta. No total, existem quatro tipos de dengue, sendo o tipo 1 o mais comum na população, responsável por 73,4% das infecções. Porém, o tipo 3 pode se espalhar e os casos estão altamente concentrados nas regiões Sul e Sudeste, especialmente no estado de São Paulo, um dos estados mais populosos do país.

-Você olha para o cenário passado e antecipa o futuro. Se não acontecer nada diferente, teremos menos casos, essas são as expectativas, e ficarão mais concentrados nos estados da região Sudeste e Sul – explicou a ministra da Saúde e Controle Ambiental Ethel Leonor, que manifestou ressalvas – o sorotipo 3 é a nova variante, e está aumentando em São Paulo. Isso pode aumentar a projeção.

A segunda preocupação está relacionada com o ressurgimento do serotipo 3, que é o elevado volume de casos registados em 2024, quando as segundas infecções podem ser mais graves. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde reforçou as medidas de prevenção e controle, como avançar em cerca de um mês a implantação do Centro de Operações Emergenciais da Dengue, além de aprimorar a aquisição de vacinas, testes e agrotóxicos.

Em 2025, o Ministério investiu mais de R$ 1,5 bilhão. Claudio Merovic, médico sanitarista da Fiocruz em Brasília, explica que o número de casos registrados nos últimos meses de cada ano pode servir de “ponto de partida” para o cenário epidemiológico do próximo ano, principalmente na “temporada” da dengue. que se concentra na primavera e no verão. No verão. O ano de 2024 registrou números maiores em todos os meses em relação a 2023. Em agosto, por exemplo, foram registrados mais de 45 mil casos no ano passado, ante cerca de 28 mil casos em 2023.

— Nesse período estávamos quase no zero e isso não acontece mais. Nos últimos anos mantivemos uma distribuição notável ao longo do segundo semestre. Há fortes indícios de que quanto maior o nível no segundo semestre, maior será a escala da epidemia no ano seguinte, afirma o especialista.

O ministro adjunto da Saúde e Controle Ambiental, Rivaldo da Cunha, afirmou que o sorotipo 3 não causa infecções mais graves e que a preocupação se concentra na possibilidade de infectar um número maior de pessoas.

– O vírus, quando não se espalha por muito tempo, infecta quem não teve contato anterior com ele e, portanto, não tem imunidade nem anticorpos. Uma pessoa pode ter dengue tipo 1 ou tipo 2, mas se pegar o tipo 3, pegará novamente e pode ser mais grave. Irá infectar muita gente. Pode haver uma região no Brasil que não teve epidemia no ano passado e pode ter neste ano.

Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde é a mudança da gestão municipal, que é responsável por implementar a maior parte das medidas de prevenção e prestar cuidados à população. Uma das primeiras ações da administração este ano foi o envio de uma nota informativa aos municípios no dia 2 de janeiro, alertando para um possível aumento do número de casos e reforçando a necessidade de continuar as medidas de prevenção.

O Ministério da Saúde também registrou aumento no número de casos de chikungunya nas últimas quatro semanas de 2024, o que pode ser um complicador no combate à dengue. De acordo com os dados constantes do processo, foram registrados 3.563 casos prováveis ​​nesse período.

Os especialistas também focam no tratamento da forma aguda da doença, pois são necessários cuidados clínicos diversos, por isso os profissionais reforçam a necessidade de realização rápida de exames para que a doença seja diagnosticada rapidamente. Para 2025, o Ministério da Saúde enviou 6,5 milhões de testes rápidos aos municípios.

A secretaria também obteve mais de 215 mil quilos de larvicida e ampliou o uso da tecnologia para controlar a doença. Com esse uso, os mosquitos são infectados pela bactéria Wolbachia, que previne a infecção pelo Arbovírus. Além disso, foram adquiridas mais 9,5 milhões de doses da vacina. Mas o ministério indica que ainda existem 3 milhões de doses suspensas em estados e municípios.

– Deveria haver medidas mais ativas por parte dos municípios para vacinação. Eles receberam a vacina e devem tomar medidas efetivas – destacou a ministra Ethel.

Em 2024, o Brasil registrará 6,4 milhões de casos prováveis ​​de dengue, com 6 mil mortes, segundo o Comitê de Modernização de Arboviroses do Ministério da Saúde. O número ainda está sujeito a aumento. A ministra da Saúde, Nícia Trindade, afirmou que a prioridade do ministério agora é reduzir esse nível.

Estamos diante de um desafio de grandes proporções. A dengue não é nova no Brasil, mas não é cronológica e com as mesmas características. Hoje, temos (o vírus) em todo o mundo. O objetivo agora é reduzir casos e diminuir mortes.

Para isso, uma das estratégias recomendadas pela secretaria, além da vacinação e testagem rápidas, é a instalação de pontos de hidratação próximos às prefeituras, principal atendimento nos casos de dengue. É recomendado que a pessoa afetada consuma entre cinco a seis litros de água diariamente. Cada município será responsável pela gestão da estratégia, mas o objetivo é que o local sirva de ponto de hidratação intravenosa, atendimento e detecção de casos.

— Houve preocupação no ano passado porque as pessoas esperaram três, quatro, cinco, seis horas para tratamento, e a situação piorou nessa época, porque ele estava desidratado. Ela procura os sistemas de saúde, mas seu quadro piora antes de receber atendimento. Claudio Mirovich explicou que com esta organização as coisas podem ser mais rápidas e eficientes.



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