A Bolsa de Carbono Aéreo do Rio de Janeiro (ACX), no Brasil, movimentou R$ 100 milhões em transações de compra e venda envolvendo quase quatro milhões de toneladas de créditos de carbono em seus primeiros seis meses de operação. A ACX, subsidiária da ACX Global Exchange, maior comercializadora mundial de créditos de carbono, é a primeira do gênero no país e chegou aqui em parceria com a B3.
O mercado de créditos de carbono deverá ganhar impulso com a entrada em vigor da lei que regulamenta o sistema brasileiro de comércio de emissões de gases de efeito estufa, aprovada em dezembro, que estabelece regras de compensação para os responsáveis por grandes emissões.
O volume de negociação semestral da ACX representa 4% do volume anual de créditos de carbono que deverão ser vendidos no mercado regulado quando o sistema estiver totalmente operacional, em três anos. – É um volume significativo considerando as estimativas de que o mercado regulado deverá movimentar entre 100 milhões e 200 milhões de toneladas no primeiro ano – afirma Carlos Martins, Diretor da ACX Brasil.
O Ministério da Fazenda estima que 5 mil CNPJs, tanto públicos quanto privados, terão que compensar suas emissões no mercado regulado. São empresas ou entidades que emitem anualmente mais de 25 mil toneladas de dióxido de carbono.
A ACX Brasil está sediada no Centro do Rio e serve de âncora para a política da prefeitura de promover o desenvolvimento de um ecossistema financeiro verde, além de estar vinculada ao registro do sistema global da ACX em Cingapura. Isto permite aos participantes aceder ao mercado internacional, embora as transacções realizadas durante os primeiros seis meses tenham sido principalmente entre compradores e vendedores locais.
O mercado de créditos de carbono encolheu em todo o mundo no ano passado, com a queda dos preços e os casos de fraude minando a credibilidade da ferramenta de compensação. Para Martins, esse declínio é cíclico e não preocupa.
– Todo mundo sabe que existem projetos que apresentam problemas. Mas isto é normal nos mercados em desenvolvimento, diz Martins.
Hoje, a maioria dos compradores de ACX são instituições financeiras. A associação com a B3 torna o ACX o único ambiente aderente às regras da CVM, permitindo que fundos de investimento participem do mercado voluntário de aquisição de créditos de carbono.